Descartes e Espinoza são
filósofos do século XVII, o que nos remete a uma viagem no tempo, para assim,
compreender a estrutura de seus pensamentos. O momento histórico é
caracterizado por grandes mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais,
que vêem ocorrendo, desde o século XI, com o renascimento das cidades, a
intensificação do comércio, a formação dos estados nacionais e o renascimento
cultural, sendo esse último de fundamental importância para se perceber à áurea
da época, o declínio do feudalismo e o início do capitalismo. Junto com essas
mudanças, foi surgindo um novo modelo de homem e em conseqüência uma nova
maneira de ver o mundo, substituindo os valores dominantes da Idade Média. É
característica dessa época um mundo centrado no homem (antropocentrismo) e não
mais em Deus (teocentrismo), um mundo explicado pelas verdades estabelecidas
pela razão e não mais pelas verdades reveladas (fé), o individualismo ao invés
da concepção de coletividade cristã, uma ciência voltada para a prática, à
concepção de homem livre, especulação, a presença de Deus nas várias correntes
filosóficas, tolerância religiosa, a busca de um método científico rigoroso,
dentre outras características. Todas essas características têm como ponto
central a seguinte indagação:
o que é o homem? Trata-se do
humanismo renascentista, que entrelaçado em duas concepções, um tanto quanto,
paradoxais (fé e razão) busca uma resposta universal para tal questionamento,
para isso busca na filosofia clássica um fundamento, servindo assim, como base
conceitual para a arrancada triunfal da razão no século XVII e XVIII.